sábado, 30 de dezembro de 2017

Guest Post: Análise Kino no Tabi (2017) #12: Um Satírico Ativismo


Edit Henrique: Mais um post do novo Kino no Tabi pelo Tancruz, ele já fez um post do episódio 3. Esse post surgiu a partir de uma discussão em que se notou que a maioria das análises ocidentais, sejam em português ou inglês, tiveram uma má interpretação do episódio, observando normalmente como se nenhuma mensagem tivesse sido passada. Com isso, o Tancruz resolveu analisar esse episódio.  Fiquem com a Análise!!


Esse conto está no volume 20, o mesmo livro que fiz a análise e tradução de um miniconto d'O país sem mar.
O tema em geral desse volume é tratar do que o que é o ser humano e o que não é humano, pode-se ver até no conto citado em cima ou no principal conto desse volume (para mim) "O país dos humanos".

Nessa pequena história das ovelhas "stray army", observa-se um nível cômico desde o início, já que são ovelhas caçando a Kino. Há aqui uma pequena inversão dos papeis, e são perceptíveis em quase todas as falas da Kino, como por exemplo quando a Kino está andando debaixo do abismo e as ovelhas à acompanham:
"Elas não dormem?" - Parecem até um caçador, que durante a caça não deixa de ser alerta.


(Essa e as demais legendas foram feitas pela Crunchyroll)

Antes da famosa e polêmica cena do massacre, temos o momento que a Kino encontra um viajante que ficou preso e por medo das ovelhas se matou (Alusão é feita com a arma em punho, porém na light novel é falado com todas as palavras).
Logo após a Kino montar seu plano começa o massacre, que de tão grande que é, é até, novamente, cômico; Isso porque que a Kino fala antes: "Eu não quero matar sem necessidade" reforça ao extremo o tema...



Tema esse que seria a hipocrisia pelos que tem discursos ativistas, em outras palavras, extremismo de certas ideias.

O país que criou as ovelhas para lutar entre si nos torneios, modificou-as, etc., proibiu tal ação depois dos amantes de animais reclamarem seus direitos. 
Jogaram as ovelhas para fora do país para dar a liberdade.
O próprio guarda que conta essa história é um dos que gostava das lutas e amava as ovelhas também. Afinal, ele demostra preocupação com elas. 
Então temos 2 tipos de amor:

1- Existe os que amam os animais a todo custo e defendem seus direitos - o que me referi antes de ativistas.
2- O povo que gostava de ovelhas e ver seus empenhos em luta.

O primeiro é hipócrita ao extremo. Eles defendem o direito dos animais, mas jogam eles para foram do país onde se tornam selvagens e atrapalham o ecossistema (aqui, assim como antes, ocorre inversão, ecossistema se refere não só aos animas; mas aos humanos também, afinal eles são caçados). Praticamente um discurso de quem fala que abortar é errado e defende a doação, mas nunca adotou um filho, mesmo tendo condições.



Essa pura falta de bom senso resulta que para dar direitos dos animais os tratam como gente e os dão direitos humanos até.

Se o primeiro não tinha bom senso imagine o segundo. 
Há quem ame touros e goste de ver touradas, não duvido, ou melhor, isso é comum. Mas aqui está outro extremo, passa a nem considerar direitos, só como objetos para diversão. Modificaram (assim como os direitos humanos não permite na área da bioética) e usaram as ovelhas como brinquedos.



Eu lembro de ter lido sobre touradas espanholas e tinha uma reportagem que um touro se matou para evitar dor. Suicídio é uma atitude bem humana e representa normalmente a fuga do sofrimento, similar ao viajante que a Kino encontrou. Logo permita-me afirmar que ele se viu como se fosse uma ovelha (touro) numa tourada ("ovelhada"). O design das ovelhas também lembra touros, se for para dar pontos a animação seria por isso.

Então, de conclusão temos a Kino se perguntando no final junto ao Hermes: "Devemos contar a eles?". 


A resposta está bem clara desde o começo do episódio, a Kino não faz nada desnecessário, logo não contaria-- provavelmente matariam ela, com seus direitos ou não.

Vejo esse episódio como uma crítica ao extremismos com as leis dos animais, não que seja uma causa ruim, mas toda mudança deve ser feitas aos poucos e não de súbito. 
Coloque essa situação para o Brasil, se hoje surgisse uma lei extrema proibindo a criação de gado, para onde iria todos os animais? Eles provavelmente destruiriam todo um ecossistema e a única solução seria exatamente o que a Kino fez no clímax do episódio, eliminá-los, haveria essa necessidade.
Anterior Proxima Inicio

0 comentários:

Postar um comentário